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Pneumologista explica tratamento usado no HUST para pacientes com COVID

Qual o tratamento adotado pelo Hospital Universitário Santa Terezinha de Joaçaba (HUST) para pacientes com Covid-19? Quais os critérios que os médicos estão usando para definir quem usará respiradores em razão da UTI lotada?

A Central de Jornalismo da Rádio Catarinense, buscando respostas para estas perguntas, entrevistou na manhã desta quinta-feira (18) o médico pneumologista Adriano Rieger que atua na Ala-Covid do HUST, especialista em doenças relacionadas a vias respiratórias e principalmente aos pulmões.  Na entrevista ele confirmou que o hospital passa por uma situação dramática sob vários aspectos e que pacientes na enfermaria já morreram na fila de espera por vagas na UTI.

O quadro de ocupação de leitos da ala-covid do hospital de Joaçaba, que atende pacientes de toda região, está com índices de lotação elevados há vários meses. O médico explica que a diferença, que gera maior preocupação, é que agora, com todos os leitos lotados, tanto na enfermaria e UTI, os hospitais de retaguarda que sempre deram suporte recebendo pacientes graves ou leves dos municípios da AMMOC, também estão lotados, operando acima da capacidade.

Em Joaçaba foram criados mais leitos, mas segundo o pneumologista Adriano Rieger existe uma preocupação com a qualidade do atendimento prestado aos pacientes. Está se atendendo mais pacientes, no mesmo espaço físico com os mesmos profissionais. “Quanto maior a lotação, maior a chance de piorar a qualidade do atendimento, os pacientes vão ser atendimentos, mas a qualidade não é a mesma” explicou o médico.

SUS, particular ou convênio
Para ser uma ideia da situação do HUST em Joaçaba, que é reflexo de hospitais em todo Brasil, não há vagas nem mesmo para pacientes que tem convênios de saúde ou particular. “Se chegar alguém lá no hospital com convênio, ou dizer que tem dinheiro para pagar, a resposta que ele vai receber e que não tem vaga, não tem lugar e se tentar transferência para o melhor hospital do Brasil deverá receber a mesma resposta” alertou dr Adriano Rieger.

Ele pede para que as pessoas se cuidem numa tentativa de evitar o contato com o vírus para não precisar de atendimento médico. “Passar por um Covid e não poder ser tratado é algo desesperador”

Tratamento usado no Hust em Joaçaba
O pneumologista foi questionado pela Rádio Catarinense sobre o tratamento usado em Joaçaba para os pacientes com Covid-19. Dr. Adriano explicou de forma resumida que a Covid é uma virose que desaparece como todas as outras, independente do que for feito. “Não tem antibiótico específico que corta o ciclo da doença, então o tratamento é de suporte das complicações” explicou ele.

Perguntado sobre o “kit de medicamentos” para tratamento precoce, o médico respondeu: “invermectina, cloroquina não funciona…… em casos leves, o que funciona é um antitérmico quando o paciente tem dor ou febre” disse ele.

Ele alertou também que é preciso que haja uma monitorização da febre e das taxas de oxigênio no sangue. Caso ocorra uma queda de saturação de oxigênio é preciso procurar ajuda médica e um dos medicamentos usados, comprovado que ajuda nestes casos mais graves, é o corticoide. No entanto, ele chama atenção que nos casos leves de Covid, que o paciente não tem falta de oxigênio no sangue o corticoide é perigoso, pois pode aumentar a taxa de mortalidade, se for usado nesta situação.

O médico deixou claro que para pacientes internados existem medicamentos que podem ajudar a mudar o ciclo da doença e aumentar a chance de sobrevivência. Para casos leves, ambulatoriais, segundo ele, são usados antitérmicos e monitorização da febre e da taxa de oxigênio para observar se a doença vai ou não evoluir. “Não existe situação milagrosa para covid leve” enfatizou o pneumologista.

Protocolo de escolha de pacientes
Dr Adriano Rieger confirmou também que no HUST em Joaçaba já foram confirmados casos de pacientes que morreram na enfermaria esperando por uma vaga na UTI. Eram pacientes com respiradores e também sem ventilação. A fila de espera é uma realidade.

Quanto aos critérios para escolher quem vai para os respiradores, o médico disse que os critérios usados são complexos. “Além de critérios técnicos, entram critérios pessoais subjetivos  e é bem difícil definir a escolha de quem vai ou não e isso é feito por um grupo de médicos, não é uma escolha isolada” explicou ele.

Por Marcelo Santos

Ouça entrevista com o médico