(49) 3551-2424

UFSC Curitibanos inicia cultivo de Cannabis para pesquisa em medicina veterinária

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comemora os primeiros desdobramentos da permissão concedida pela Justiça Federal, no final de 2022, para que possa realizar o cultivo, preparo, produção, fabricação, depósito, porte e prescrição de derivados da Cannabis sativa, que terá seus extratos utilizados em uma pesquisa da aplicação da planta na área da medicina veterinária. A conquista resulta da luta do professor e pesquisador Erick Amazonas, que, recentemente plantou 120 sementes de mesma genética certificada de uma variedade rica em Canabidiol (CBD), substância já amplamente empregada na produção de medicamentos, sendo que, dentro de cinco a seis meses, as plantas cultivadas em laboratório devem produzir os extratos de Cannabis.

As mudas serão cultivadas em estufa própria, com a expectativa de taxa de germinação entre 90% e 95%. De acordo com o professor, que também é o supervisor e coordenador do trabalho, enquanto as plantas crescem, ele pretende importar insumos de parceiros para já obter extratos para pesquisas. “A extração dos óleos será feita no Laboratório Multiusuário de Análise Instrumental (Lamai) no Campus de Curitibanos, que tem condições de realizar extrações alcoólica, hidroalcoólica, por ultrassom, dentre outras. Um dos desdobramentos de pesquisa que iremos abordar é o desenvolvimento de diferentes métodos de extração e de formulações para uso veterinário”, explica.

Conforme Amazonas, o Centro de Ciências Rurais (CCR) tem condições de analisar, avaliar e garantir a qualidade dos óleos, contudo os pesquisadores também pretendem fazer parcerias com outras instituições para ampliar o rol de compostos avaliados entre os diferentes laboratórios, de modo a analisar qualitativamente os extratos de forma mais completa. “A possibilidade de fazer pesquisa científica e dar resposta científica é algo de muito valor, o nosso campus é o único no centro de um país que pode estudar e fazer o uso veterinário da planta, e isso nos coloca no centro das atenções dessa área com ganhos no desenvolvimento regional muito maiores do que na área da saúde animal. Lembrando que a medicina veterinária não é apenas saúde animal, tem toda a parte de produção animal que serve de alimento para as redes humanas e que podemos explorar com esse direito de cultura e de uso. Entendo que toda a área veterinária deve ser beneficiada, além de Curitibanos poder ser o polo de inovação e desenvolvimento cannabico, devendo atrair recursos para o campus para fomentar pesquisas, conseguir estruturar os cursos, inclusive o de Medicina que precisa abrir, além de trazer progresso para a região”, vislumbra o professor, afirmando que está esperançoso com o estudo.

“Estamos abrindo novamente as portas para a ciência e talvez consigamos falar sobre o uso da Cannabis de acordo com a razão ecológica. Fico feliz em ver que as coisas estão avançando e também por colocar o nosso campus como uma das pedras fundamentais para essa mudança de visão no país. Sigo na missão de lutar para que não vejamos mais pessoas sendo mortas por causa de uma planta que não mata”, concluiu.

Fonte: Jornal A Semana

Foto Divulgação