História de condenado injustamente por morte de policial vai virar seriado TV norte-americana

Caso ocorrido em Vargem Bonita chamou atenção da imprensa internacional

Geral
15/04/2014

Um caso ocorrido em 1998 na pequena Vargem Bonita, no Meio-Oeste catarinense, irá se tornar seriado a ser exibido para o mundo todo. A história da prisão injusta de um homem pela suposta participação na morte de um policial rodoviário federal chamou a atenção da imprensa internacional. Jair Dalberti, 40 anos, ficou preso quase seis anos em Joaçaba até que fosse reconhecida a  inocência dele. Devido ao erro jurídico, a defesa pediu indenização de R$ 1,5 milhão da União que recorreu no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

De acordo com o advogado Éber Marcelo Bündchen, o caso será transformado em seriado pelo canal americano A&E (Arts and Entertainment), que significa artes e entretenimento. A trama será produzida pelo programa “Presume-se Inocente” que pesquisa casos ligados à Justiça no mundo todo. Bündchen explica que Dalberti foi condenado a 15 anos de prisão. A investigação foi reaberta a pedido do advogado e consequentemente provada a inocência de Dalberti no Tribunal Regional Federal. “Isso chamou atenção da imprensa internacional e esse canal faz levantamento dos dados no mundo todo. Amigos meus da Espanha me falaram que viram reportagens sobre o caso”, ressalta.

Um roteiro está sendo finalizado e passará pela aprovação do advogado e cliente que já foram entrevistados. “E vai virar um seriado sobre esse erro judiciário para se evitar que novos erros aconteçam”, salienta. Bündchen enfatiza que foi provada a inocência de Dalberti. No seriado será contada a história com atores profissionais e no intervalo de cada cena aparecerão Dalberti e o advogado relembrando os fatos.

Bündchen também prepara o roteiro para escrever um livro sobre o caso. “Isso demonstra que realmente não está tudo perdido, foi um erro muito grande que a Justiça cometeu, está reparando agora graças a essa reparação da Justiça com os olhares voltados à compensação pelo erro”. Não há previsão de quando o seriado será apresentado.

O caso

A Justiça Federal julgou procedente uma ação milionária por danos materiais e morais no valor de R$ 1,5 milhão a Jair Dalberti, morador de Irani, que ficou preso injustamente pela suposta participação em um crime de repercussão nacional no dia 8 de dezembro de 1998. O policial rodoviário federal Vítor Camargo Neto, 27 anos, foi morto enquanto trabalhava no posto de Vargem Bonita. O advogado Éber Marcelo conseguiu provar a inocência de Dalberti e a ação de indenização teve a decisão favorável pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região.

Dalberti foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão. Ele ficou detido no presídio regional de Joaçaba de 9 de dezembro de 1998 a 19 de agosto de 2004 (cinco anos, oito meses e 10 dias). Dalberti foi solto por que o advogado conseguiu provar que não houve participação direta no crime, uma vez que teria apenas dado carona aos quatro acusados. Ele não iria cobrar a corrida a uma suposta caçada, mas acabou recebendo R$ 10. No dia seguinte a quadrilha foi presa.

Pela descrição do carro, um Gol branco, a Polícia Civil chegou a Jair. Foi quando ele soube que tinha transportado os autores de um crime. Jair prestou depoimento sobre o que tinha acontecido. Ao chegar próximo ao posto da PRF Dalberti teria deixado os quatro e depois voltado a Irani, onde foi para um compromisso em uma igreja. As provas contra ele foram consideradas frágeis e não foram suficientes para mantê-lo preso. Os quatro bandidos mataram o policial rodoviário, roubaram uma viatura e se juntaram a outros dois comparsas para assaltar um ônibus de turismo em Ponte Serrada.


Na ação o advogado argumentou que a prisão foi equivocada e carente de provas. Entre os danos causados pelo tempo na prisão o advogado descreve que Dalberti não pôde concluir um curso superior, casar e nem crescer na profissão que desempenhava. A União recorreu da decisão. “Estamos aguardando entrar em precatória para que o Jair receba em 2016 ou 2017 a indenização”, reitera Bündchen.

Fonte: Rádio Catarinense
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